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Rio de Janeiro,23/06/2025

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Obras paradas em hospitais públicos crescem 18% em um ano e ampliam crise estrutural na saúde

Relatório nacional aponta que falhas técnicas e má gestão estão entre os principais motivos para atrasos e abandono de obras hospitalares no país.

Mercurios
Obras paradas em hospitais públicos crescem 18% em um ano e ampliam crise estrutural na saúde Reprodução

O número de obras paralisadas em hospitais públicos no Brasil aumentou 18% entre agosto de 2022 e agosto de 2023, de acordo com um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). O relatório aponta que mais de 630 obras hospitalares encontram-se com os trabalhos suspensos ou abandonados, afetando diretamente o acesso à saúde em dezenas de cidades de médio e pequeno porte.


As principais causas apontadas para os atrasos são a falta de planejamento técnico adequado, ausência de projetos executivos compatíveis com a realidade hospitalar, mudanças frequentes nos contratos e baixa qualificação das empresas contratadas. A situação tem gerado desperdício de recursos públicos, agravado a sobrecarga de unidades ativas e aprofundado desigualdades no acesso ao sistema de saúde, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.


Consultado pela reportagem, o engenheiro Leandro Silveira de Macedo, especialista em obras hospitalares e diretor da Miltec Engenharia, afirma que a paralisação de obras na saúde não é um fenômeno recente, mas se intensificou após a pandemia, com a aceleração de contratações emergenciais sem base técnica consolidada. “Muitos projetos foram iniciados com pressa, sem uma análise integrada dos fluxos assistenciais, da viabilidade construtiva e da sustentabilidade operacional da unidade”, explica.


Leandro, que à época já atuava há mais de 15 anos no setor da construção civil com foco em infraestrutura da saúde, alerta para um erro recorrente: o distanciamento entre quem projeta e quem constrói. “Em vários casos, o projeto executivo é entregue sem considerar a complexidade de ambientes críticos, como UTIs, centros cirúrgicos e sistemas de gases medicinais. Isso gera readequações constantes e, em alguns casos, a inviabilidade de continuidade da obra.”


 Leandro Silveira de Macedo.


Segundo ele, é essencial que os projetos hospitalares contem com engenheiros especializados desde a fase de concepção, garantindo aderência às normas da ANVISA e compatibilização entre arquitetura e engenharia. “Obras de saúde não são iguais às demais. Exigem conhecimento técnico específico, integração de sistemas e previsibilidade de manutenção. A falta disso resulta em paralisações, revisões orçamentárias e judicializações.”


Leandro também defende a criação de núcleos técnicos nas prefeituras e nos estados para acompanhar e fiscalizar obras hospitalares com critérios objetivos. “O gestor público não precisa ser especialista, mas precisa estar cercado de profissionais que saibam o que estão fazendo. Sem isso, a obra para na metade e o prejuízo social é enorme.”


Com premiações no setor e reconhecido como referência em obras de infraestrutura voltadas à saúde, Leandro já havia liderado até 2023 dezenas de projetos de readequação e construção de unidades hospitalares no Sudeste, com foco em eficiência técnica e segurança sanitária.


O relatório da CGU também recomenda que o governo federal amplie os mecanismos de assistência técnica aos entes federados, além de reformular os critérios de liberação de verbas para garantir que apenas obras com viabilidade real sigam adiante.


Enquanto isso, pacientes e profissionais da saúde seguem enfrentando os impactos de uma crise estrutural que não se resolve apenas com recursos financeiros. Como resume Leandro Silveira: “Investir em saúde é investir em engenharia com responsabilidade.”

 




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