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Rio de Janeiro,23/06/2025

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Organizações sem fins lucrativos movimentam mais de R$ 100 bilhões no Brasil, mas ainda enfrentam gargalos de gestão

Apesar do crescimento econômico e social do setor, especialistas alertam para a necessidade urgente de maior qualificação em práticas contábeis, compliance e prestação de contas.

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Organizações sem fins lucrativos movimentam mais de R$ 100 bilhões no Brasil, mas ainda enfrentam gargalos de gestão Reprodução

O impacto econômico das organizações do terceiro setor no Brasil é cada vez mais expressivo. Segundo levantamento do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), as entidades sem fins lucrativos movimentaram mais de R$ 106 bilhões apenas em 2023, envolvendo cerca de 6 milhões de trabalhadores formais em todo o território nacional.

Apesar desse protagonismo, especialistas apontam que o crescimento acelerado do setor não tem sido acompanhado pela profissionalização da gestão, o que coloca em risco a credibilidade e sustentabilidade de muitas organizações.

“Em termos econômicos, o terceiro setor já é mais robusto que muitos segmentos da indústria tradicional, mas internamente ainda opera com a estrutura de décadas atrás”, avalia Luiz Antonio Britto Silva, especialista em contabilidade para organizações sociais, com mais de 30 anos de atuação no apoio à formalização e gestão contábil de creches, abrigos, associações e ONGs.

Gargalos recorrentes

Para Luiz, a principal fragilidade das instituições está na ausência de uma estrutura técnico-contábil adequada. “Ainda hoje, muitas entidades cometem erros básicos como misturar recursos, atrasar obrigações acessórias e não manter registros confiáveis de suas operações. Isso inviabiliza parcerias com o poder público e compromete a captação de recursos privados”, afirma.

Luiz Antonio Britto Silva.

Desde os anos 1990, Luiz atuou na regularização e suporte técnico de mais de 900 instituições sociais em diversas regiões do Brasil. Até 2021, esteve à frente de um dos escritórios mais atuantes na contabilidade do terceiro setor, onde desenvolveu metodologias voltadas à sustentabilidade administrativa e financeira de entidades filantrópicas.

Ele destaca que, com o crescimento do controle social e das exigências legais, as instituições precisam ir além da boa intenção. “Hoje, ter impacto social não basta. É necessário prestar contas com transparência, cumprir obrigações tributárias e seguir regras rígidas de compliance. A falta de estrutura pode colocar todo o trabalho social a perder.”

Panorama de desafios

De acordo com a pesquisa do IPEA, as organizações de assistência social ainda representam a maioria dentro do terceiro setor, com cerca de 35% das entidades registradas. No entanto, a falta de profissionais especializados em gestão e contabilidade faz com que 47% dessas instituições tenham dificuldades recorrentes na prestação de contas de recursos públicos.

Luiz explica que a legislação brasileira é complexa e exige atenção constante. “Mudanças em normativas, obrigações acessórias eletrônicas, exigências de transparência... tudo isso demanda um conhecimento que muitas vezes o gestor social não possui. Por isso, é fundamental ter uma contabilidade especializada, que compreenda a missão da entidade, mas também sua obrigação fiscal.”

Propostas e soluções

Como estratégia para contornar esse cenário, Luiz tem defendido publicamente a criação de programas de capacitação contábil voltados especificamente ao terceiro setor. Ele também é consultado frequentemente por iniciativas públicas e privadas que desejam aprimorar seus sistemas de controle social e investimento em organizações filantrópicas.

“Mais do que ensinar contabilidade, é preciso formar líderes sociais conscientes de sua responsabilidade institucional. Só assim será possível manter o impacto social em longo prazo”, finaliza.





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