Negócio bom é o que tem dono: por que o cliente quer saber quem está por trás da marca
Transparência, confiança e reputação voltam a ser diferencial competitivo para pequenas empresas e prestadores de serviço

Em tempos de inteligência artificial, atendimento automatizado e marketplaces anônimos, uma tendência inversa vem ganhando força no Brasil: a valorização de negócios com identidade clara e rosto conhecido. Para um número crescente de consumidores, especialmente em setores como serviços personalizados, construção civil, moda e alimentação, saber quem está por trás da marca é um critério decisivo de escolha.
A pesquisa “Confiança do Consumidor na Era Digital”, conduzida em abril de 2025 pelo Instituto Ipsos, revelou que 68% dos brasileiros afirmam ter mais segurança ao contratar empresas onde conhecem o responsável direto — seja o dono, o técnico, ou o consultor. O número salta para 82% entre consumidores das classes A e B, público que também se mostra mais sensível à reputação individual do prestador.
O fenômeno tem implicações práticas. Negócios locais que apostam em marca pessoal, atendimento direto e construção de vínculo têm se destacado mesmo em mercados saturados. A presença do empreendedor nas redes sociais, o atendimento individualizado e o histórico profissional transparente passaram a ser ativos intangíveis de grande valor.
Especialista comenta: o efeito “rosto confiável”
Consultado pela reportagem, o empreendedor e consultor comercial Philippe Pereira Rocha, conhecido por sua atuação no setor madeireiro, explica que o fenômeno é uma reação natural à impessoalidade crescente dos canais digitais:
“Quando o cliente investe em algo importante, seja uma reforma, um serviço técnico ou um produto sob medida, ele quer alguém para confiar. E nada transmite mais confiança do que saber que há um responsável claro por trás da entrega.”
Philippe Pereira Rocha
Segundo Philippe, que estruturou um modelo de operação baseado em rede de parceiros e atendimento consultivo, a figura do “dono acessível” passou a ser diferencial competitivo:
“A lógica é simples: quando tem dono, tem compromisso. Isso vale para o cliente e também para os fornecedores.”
A tendência de valorização da reputação pessoal e da transparência nos negócios aponta para um cenário em que o relacionamento volta ao centro da jornada de compra. Em vez de apenas preço e velocidade, o consumidor de 2025 busca segurança, vínculo e presença. E, nesse novo contexto, quem mostra o rosto, e honra o nome, tem conquistado mais que clientes: tem construído relações duradouras.