Construção Civil e o ESG na Prática: Como Empresas Estão Se Adaptando às Novas Exigências do Mercado
Sustentabilidade, segurança e governança passam a ser exigências para investidores e clientes em um setor cada vez mais pressionado por boas práticas.

A agenda ESG (ambiental, social e governança) deixou de ser uma tendência e se tornou critério de sobrevivência e competitividade para empresas do setor da construção civil. Em um mercado que movimenta mais de R$ 400 bilhões por ano no Brasil, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a pressão por práticas mais sustentáveis, seguras e transparentes chegou também às pequenas e médias construtoras.
Relatório da PwC divulgado em abril de 2025 aponta que 67% dos investidores brasileiros priorizam empresas com compromissos ESG claros e auditáveis. Na construção civil, isso se traduz em canteiros mais organizados, menor geração de resíduos, segurança reforçada e engajamento social junto às comunidades afetadas pelos empreendimentos.
Mas como colocar tudo isso em prática num setor historicamente marcado por informalidade e baixos índices de conformidade? Para responder a essa pergunta, conversamos com a especialista em segurança do trabalho e gestão ambiental Suelen Souza Santos Gonçalves, que atua há quase duas décadas em obras públicas e privadas, com foco em sustentabilidade aplicada à construção.
“ESG na construção não é discurso bonito em slide, é ação no dia a dia do canteiro. Começa na escolha dos materiais, passa pelo tratamento digno aos trabalhadores, gestão de resíduos e vai até a prestação de contas com o cliente e com a sociedade”, afirma Suelen.
Suelen Souza Santos Gonçalves, especialista em segurança do trabalho e gestão ambiental
A profissional, que já liderou implementações de planos de segurança e gestão ambiental em obras de infraestrutura urbana, explica que, apesar de muitas empresas ainda considerarem o ESG como algo caro ou burocrático, ele se traduz em economia e valorização de marca no médio e longo prazo.
“Empresas que controlam o descarte, evitam desperdícios e têm protocolos claros de segurança conseguem evitar multas ambientais, processos trabalhistas e retrabalho. Isso significa lucro preservado e imagem fortalecida”, reforça.
Ela aponta ainda que a pressão por boas práticas vem de todos os lados: dos investidores, que cobram relatórios ESG; dos clientes, que priorizam empreendimentos certificados ou com apelo sustentável; e dos próprios trabalhadores, que exigem ambientes mais seguros e respeitosos.
Com ampla experiência prática e foco em obras urbanas, Suelen defende a integração dos pilares ESG desde o planejamento da obra: “Não adianta querer ser sustentável depois que a obra começou. Isso precisa estar no orçamento, na logística, nos treinamentos e nas metas de desempenho.”
Em 2024, Suelen se consolidou como uma das vozes mais respeitadas no setor ao defender que a sustentabilidade precisa andar junto com a segurança e com a liderança consciente nos canteiros. Sua atuação técnica já influenciou positivamente dezenas de projetos com foco em eficiência ambiental, prevenção de acidentes e engajamento de equipes.
Para ela, o maior erro que uma empresa pode cometer é esperar exigência legal para agir. “Quem começa a aplicar ESG por convicção chega na frente. Quem espera a fiscalização, chega atrasado, e paga caro por isso.”
Diante das mudanças regulatórias e da pressão social crescente, o recado de especialistas como Suelen é claro: adotar práticas ESG não é mais uma escolha, é o novo padrão mínimo para quem quer competir, prosperar e deixar um legado positivo.