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Rio de Janeiro,27/07/2025

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A Crise do abastecimento no Brasil: Como a logística está redesenhando o varejo

Especialistas apontam gargalos estruturais, novas tecnologias e os caminhos para manter a cadeia de suprimentos funcionando mesmo em cenários adversos

Mercurios
A Crise do abastecimento no Brasil: Como a logística está redesenhando o varejo Reprodução

Com o fantasma da pandemia ainda recente e os impactos econômicos da inflação pressionando o consumo, o Brasil enfrenta uma nova fase de turbulência no abastecimento alimentar. Falhas logísticas, sobrecarga nos entrepostos e a falta de infraestrutura em algumas regiões do país escancararam a necessidade urgente de reformulação nas cadeias de suprimento — especialmente nas capitais e grandes centros urbanos.

No Rio de Janeiro, o CEASA (Central de Abastecimento) tem sido alvo de críticas recorrentes por ineficiências operacionais que vão desde atrasos no recebimento de cargas até falta de estrutura para escoamento rápido dos produtos perecíveis. Para entender o cenário, nossa reportagem ouviu especialistas do setor que acompanham a realidade logística de perto.

“A pandemia deixou um legado de instabilidade logística, mas também acelerou decisões estratégicas que já eram urgentes”, afirma o empresário André Luiz Lages Machado, referência no setor de atacado e distribuição alimentar no estado do Rio. 

Ele aponta que o CEASA, embora seja um polo de abastecimento vital, sofre com gargalos históricos. “A falta de digitalização e a ausência de uma coordenação integrada entre os operadores logísticos fazem com que produtos fiquem parados por horas, comprometendo a qualidade e a eficiência das entregas”, explica.

Soluções práticas, segundo ele, passam pela descentralização do estoque, uso de tecnologia para rastreabilidade e integração dos sistemas de compras e entregas em tempo real. Foi com esse modelo que a Niteroiense, ainda em 2021, começou a operar com maior autonomia, criando uma malha logística própria para atender seus clientes e lojas afiliadas com menos dependência dos grandes entrepostos.

Em 2023, a operação da empresa ultrapassou R$ 196 milhões em faturamento, com uma rede enxuta, mas altamente eficiente, que prioriza o giro rápido de mercadorias e a entrega direta a varejistas regionais. “Nosso foco foi sempre na eficiência operacional. E isso significa eliminar etapas desnecessárias e garantir que o produto chegue fresco e no menor tempo possível”, reforça André.

A estratégia deu tão certo que, em paralelo, a Rio Atacadão, inaugurada em 2020 dentro do CEASA de Irajá, se tornou uma das principais referências do setor. Com mais de 10 mil m² e 126 colaboradores, a loja opera com mais de 8.000 itens ativos e serve como vitrine da capacidade logística do grupo. “Ali, o controle de estoque é praticamente em tempo real. Conseguimos antecipar rupturas e responder com agilidade a qualquer descompasso de fornecimento”, destaca.

Segundo levantamento da ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), mais de 35% dos operadores logísticos afirmaram ter reformulado processos internos desde a pandemia. A descentralização, o uso de big data e a logística preditiva aparecem como tendências cada vez mais populares — especialmente entre empresas que atendem grandes volumes com margens apertadas.

Para André Luiz, o maior desafio é transformar esse movimento pontual em cultura organizacional. “A crise do abastecimento não é um episódio isolado. Ela revela um sistema frágil, que precisa de visão de longo prazo e investimento em inteligência operacional.”

Se depender de exemplos como o dele, o futuro da logística no varejo brasileiro pode estar menos vulnerável e mais preparado para enfrentar as próximas tempestades.





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